A infância tem o dom de nos presentear com laços que, mesmo desfeitos pelo tempo, permanecem em nossa memória com a intensidade de algo que nunca se perdeu. Os primeiros amigos que fizeram parte da minha vida e circularam pela minha casa, cada um à sua maneira, moldaram um período de descobertas e aprendizados. Daniel, Ana Paula, Aline e Keila — nomes que carregam histórias compartilhadas, risadas inocentes e momentos que ainda ecoam na minha lembrança.
Keila, com seu jeito determinado, era a mais marcante entre eles. Cresceu e se tornou policial, uma profissão que combina com o espírito firme que ela já demonstrava mesmo em suas brincadeiras de criança. Lembro de como nos aventurávamos em jogos simples que para nós pareciam grandes desafios. Aline seguiu outro rumo, tornou-se empresária no ramo de supermercados e material de construção. A vida a levou a construir estruturas, literalmente, enquanto a Keila passou a proteger as mesmas ruas onde um dia brincamos.
Ana Paula, que se tornou médica, sempre teve um olhar cuidadoso, mesmo quando crianças. Era como se já carregasse dentro de si a essência de quem queria cuidar, zelar pelo bem-estar dos outros. E Daniel, cujo caminho exato me escapa, foi o amigo que mais me acompanhou nas aventuras do cotidiano.
O tempo, esse arquiteto silencioso, redesenhou nossos destinos. Depois da infância, nossos laços se afrouxaram, as visitas cessaram, e cada um tomou seu rumo. Nunca mais tive contato direto, mas soube por terceiros sobre os caminhos que cada um escolheu ou que a vida lhes ofereceu.
É curioso como as primeiras amizades moldam a forma como enxergamos o mundo. Elas nos ensinam sobre o compartilhar, o confiar e até o despedir-se. À medida que o tempo avança, os nomes permanecem, as histórias se tornam lembranças, e os sentimentos se transformam em gratidão. Gratidão por terem sido parte de um capítulo que, mesmo breve, foi essencial na minha formação.