A Ilusão da Projeção: O Caminho Entre o Que Se Sonha e o Que Se Encontra

A Ilusão da Projeção: O Caminho Entre o Que Se Sonha e o Que Se Encontra

A projeção, essa artimanha da mente, constrói ilusões que se estendem como sombras do presente, tentando alcançar um futuro que ainda não existe. É como trazer o “lá” para o “aqui”, antes mesmo de ele ter forma, substância ou verdade. Mas quando, enfim, o “lá” se torna real e habitamos o espaço do que projetamos, a decepção surge como uma visitante não convidada. Encontra o sentimento e o despedaça com sua crueza, pois o que se sonhou não é o que se vive.

Quantas ilusões plantamos ao pensar que podemos ser especiais para alguém, ocupando um trono que só existe enquanto dura o delírio de uma autoestima desenfreada. Acreditamos que o “especial” será eterno, mas ele é frágil, condicionado à duração do encantamento, e raramente resiste à luz fria da realidade. Projeções nos enganam ao nos fazer crer que podemos dominar o que o outro sente, como se fôssemos navegantes experientes nas águas turbulentas do coração alheio. No entanto, o ser humano é um labirinto, e suas emoções seguem caminhos tão contraditórios quanto imprevisíveis.

A ilusão maior está na tentativa de decifrar o outro como se fosse uma equação. Pensamos, como psicólogos inexperientes, que o entendimento das emoções é um terreno lógico, quando na verdade o que nos guia é uma estrada sinuosa. Às vezes, seguimos o brilho de uma sombra que caminha à esquerda, enquanto nosso corpo segue o trilho da direita, e nos perdemos entre o que é e o que parece ser.

Assim construí as minhas ilusões, ergui castelos de areia sobre o que pensava ser a realidade das pessoas que me cercam. Coloquei atenção nos caminhos que pareciam promissores, mas que, no fim, eram apenas sombras dançantes de algo que nunca se materializaria. E ao chegar no destino, ao pisar o terreno onde deveria haver solidez, encontrei apenas ecos do vazio.

Chegar ao “lá” e descobrir que o que existia era apenas o reflexo de minhas próprias expectativas é um aprendizado amargo. Mas talvez seja o único capaz de ensinar que a vida não se molda ao nosso desejo. E que, muitas vezes, o que parece um caminho é apenas a sombra do que nunca será.

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