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Aparência e Ser: Reflexões sobre a Inautenticidade e o Desencanto do Mundo Moderno
Em sua filosofia, Kant nos ensina que a “coisa em si” permanece sempre oculta, inacessível à nossa compreensão. O que conhecemos não é o ser essencial das coisas, mas sim suas aparências, as representações que nossa mente constrói. Essa limitação epistemológica de Kant ecoa de forma curiosa no ditado popular: “O que importa não é ser, é parecer ser.” Vivemos num mundo onde as aparências são exaltadas, onde o que é visível, acessível e interpretável pelos sentidos assume um valor quase divino. É um estado onde o ontológico, aquilo que realmente existe, parece virtual e intocável, relegado ao fundo da cena enquanto o que se mostra é apenas a máscara.…
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Apocalipse: Revelação e Chamado à Vigilância
“Bem-aventurado aquele que lê, e os que ouvem as palavras desta profecia, e guardam as coisas que nela estão escritas; porque o tempo está próximo” (Apocalipse 1:3). Ao nos aproximarmos deste novo trimestre, mergulharemos juntos no livro de Apocalipse, uma das partes mais misteriosas e inspiradoras das Escrituras. Esse é um convite profundo para contemplarmos as revelações de Deus sobre o que foi, o que é e o que está por vir. O próprio Deus se revela a nós neste livro, e cada versículo traz uma promessa de edificação e entendimento para o Seu povo. Neste texto, três ações são destacadas como fundamentais: ler, ouvir e guardar. São palavras que…
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O Sonho: Semente Escondida no Véu da Ilusão
Há algo de sagrado nos sonhos, algo que repousa em silêncio, num ambiente onde a ilusão cobre e guarda como um véu frágil e intocável. Os sonhos vivem numa dimensão própria, numa espécie de território secreto onde a realidade ainda não os tocou, onde sua pureza permanece inviolável. Eles flutuam como sementes suspensas no desconhecido, esperando, talvez, o momento exato de se enraizar no solo do possível. Contá-los é profanar o mistério; expô-los à luz é uma forma de mutilação, uma abertura que lhes rouba o encantamento e a força. O sonho que se revela perde o poder de ser apenas nosso; ele se dissipa, se desintegra, deixa de existir…
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Confissão de um Coração Arrependido
Óh Senhor, aqui me coloco, nu de orgulho, rasgado de ilusões, confessando-me diante de Ti. Meus pecados são muitos e intensos, como as ondas que rompem incansáveis nas profundezas do mar; são imensuráveis, como os grãos de areia na praia que nenhum cálculo humano consegue abarcar. Eu sou pecador, Senhor, e diante de Ti reconheço minha total dependência e meu profundo desejo de ser renovado. Na minha infância, meu coração queria tanto Te agradar! Pensava que poderia atravessar a vida sem pecar, carregando essa certeza ingênua de que poderia ser irrepreensível. Acreditava que minha própria força bastava para a santidade. Mas agora entendo que estava errado, e percebo como o…
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O Perdão que Transforma e a Graça que Restaura
O perdão na Palavra de Deus não é uma mera absolvição, uma sentença que declara inocente quem falhou. É mais profundo, mais compassivo, e, acima de tudo, mais transformador. Isaías 1:18 nos traz a promessa de um Deus que convida, que chama para um encontro de redenção: “Ainda que os vossos pecados sejam como escarlata, eles se tornarão brancos como a neve…” Esse perdão é a reinvenção do coração e a transfiguração do espírito – uma pureza que não apenas apaga, mas renova. Quando olhamos para a vida de Davi e seu arrependimento, revelado no Salmo 51, vemos um homem que se permitiu despir de sua própria glória e se…
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“Eu Sou”: A Porta, o Caminho e a Vida em Plenitude
“Eu sou a porta, Eu sou o caminho, Eu sou o pão, Eu sou o bom pastor, Eu sou a ressurreição e a vida, Eu sou a verdade.” Essas palavras ressoam como um eco da eternidade que atravessa os tempos, revelando um Deus que não se limita a conceitos ou abstrações, mas que se faz presente e essencial em cada aspecto da existência humana. Essas declarações são muito mais que metáforas; são convites ao encontro, ao reconhecimento de que a plenitude da vida é possível quando caminhamos em comunhão com o “Eu Sou”. “Eu Sou a Porta” — A porta é a passagem, o limiar entre o conhecido e o…
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Os Sete Castiçais de Ouro: A Última Mensagem de Cristo e o Chamado à Pureza Eterna da Igreja
No Apocalipse, os sete castiçais de ouro são mais que uma figura poética; eles representam a essência da Igreja de Cristo, tanto em sua amplitude universal e invisível quanto em cada congregação que compõe esse corpo. Cada castiçal é, assim, uma representação de igrejas locais específicas, com suas características únicas, seus feitos e suas falhas, mas, acima de tudo, cada um é parte da grande e resplandecente Luz que reflete a glória de Deus no mundo. É um convite a entender a Igreja não como um conjunto isolado, mas como um organismo vital e espiritual, interligado e dependente do Cordeiro que, amorosamente, caminha entre eles, sustentando e zelando por cada…
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“Ide por Todo o Mundo”: O Imperativo do Evangelismo
“Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura” não é apenas uma orientação; é um imperativo, uma convocação à missão contínua e incansável de levar a mensagem de Cristo a todos os cantos da terra. Este axioma cristão nos lembra que o evangelho não pertence a um espaço limitado, nem a um grupo específico, mas deve ser vivido e compartilhado sem restrições. O destino das almas está sempre sendo decidido, a cada segundo, em cada decisão, e não podemos nos dar ao luxo de esperar por momentos perfeitos ou por conveniências. A urgência evangelística é um chamado que ressoa por todos os tempos. A colheita está…
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A Pobreza que Não se Vê e a Riqueza que se Vive
A pobreza é mais do que a ausência de bens; é a ausência de plenitude, de uma completude profunda que transcende o material e repousa nas camadas interiores do ser. Todos somos, de algum modo, pobres à medida que sentimos a falta de algo – e essa falta pode estar ligada a necessidades reais ou a desejos fabricados. A partir dessa percepção, podemos ver a pobreza como um estado de vazio, uma inquietude que, quando alimentada pelas forças externas, torna-se insaciável. Aqueles que se satisfazem verdadeiramente com o que têm, mesmo que aos olhos do mundo não possuam muito, estão livres dessa pobreza. Em Cristo, encontram a verdadeira riqueza. 1.…
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Os Princípios dos Milagres: Uma Manifestação do Amor Divino
Assim como todas as coisas, os milagres seguem princípios profundos, que expressam não a dificuldade ou grandiosidade que o ser humano possa imaginar, mas o próprio fluxo do amor divino. Quando enfrentamos situações que parecem intransponíveis, necessitamos de algo além do ordinário: milagres. Compreender os princípios que orientam a manifestação dos milagres nos aproxima da Fonte, e nos permite reconhecer que o extraordinário é, na verdade, uma expressão natural de Deus. Vejamos esses princípios: Não Há Ordem de DificuldadeEm sua essência, um milagre é uma expressão pura do amor de Deus, independente de tamanho ou complexidade. Muitos acreditam que certos milagres são mais difíceis que outros, mas essa crença cria…