A música “Você é Feia”, de Rogério Skylab, abre um profundo diálogo sobre a complexa relação da sociedade com a feiúra, explorando não apenas a estética, mas as várias formas de pobreza que convivem no humano. Começa com o olhar direto para o corpo, onde “feiúra” é percebida no físico; mas logo avança para outras camadas: a pobreza financeira, a saúde debilitada, a falta de ética, o desequilíbrio emocional — todas as faces daquilo que a sociedade repele. Cada uma das frases da música revela um tipo de feiúra que carrega consigo a falta de algo, e por isso incomoda. A conclusão dada é clara: onde a sociedade não encontra a beleza ou o valor, não encontra também lugar para acolhimento.
A feiúra torna-se, então, um parasita que a sociedade vê como insuportável, algo a ser eliminado. Quem traz em si qualquer dessas feiúras acaba segregado, porque nossa sociedade tem uma forma de repulsa quase visceral por aquilo que escapa do padrão de perfeição. Mas o que Skylab expõe é mais profundo: quando ele sugere à figura da música um fim trágico, ele personifica a violência que a sociedade impõe ao diferente, ao indesejável, numa condenação que desumaniza.
A verdadeira tragédia, entretanto, está na hipocrisia. Ao condenar o outro, a sociedade revela-se como espelho desse feio que rejeita, incapaz de amar o que não cabe nos moldes do belo e do socialmente aceito. Skylab aponta para essa dura realidade, enquanto Jesus nos apresenta o oposto: a aceitação e a redenção. O Evangelho mostra que Jesus, visto sem beleza exterior, é o resgate daquilo que o mundo acha “feio”. Ele vem não para os que se veem belos e perfeitos, mas para os que carregam a doença, a pobreza, a angústia.
Onde o mundo diz “se mata”, Jesus diz “vive”. Ele toma para si essa feiúra que a sociedade quer apagar, para dar àqueles que se sentem sem lugar uma nova esperança. É nesse contexto que a música ganha outra dimensão: a feiúra, que o mundo condena, é a mesma que Jesus abraça, lembrando que Ele veio não para os fortes, mas para os fracos, para os pobres de espírito.
Assim, o feio não é, afinal, uma condição permanente ou um veredito. Skylab reflete uma verdade chocante, mas Jesus oferece uma verdade redentora. E no paradoxo entre o desprezo da sociedade e a aceitação divina, descobrimos o convite para viver — não pelas normas do mundo, mas pela promessa de um amor que abraça o imperfeito.