A Pobreza que Não se Vê e a Riqueza que se Vive

A pobreza é mais do que a ausência de bens; é a ausência de plenitude, de uma completude profunda que transcende o material e repousa nas camadas interiores do ser. Todos somos, de algum modo, pobres à medida que sentimos a falta de algo – e essa falta pode estar ligada a necessidades reais ou a desejos fabricados. A partir dessa percepção, podemos ver a pobreza como um estado de vazio, uma inquietude que, quando alimentada pelas forças externas, torna-se insaciável. Aqueles que se satisfazem verdadeiramente com o que têm, mesmo que aos olhos do mundo não possuam muito, estão livres dessa pobreza. Em Cristo, encontram a verdadeira riqueza.

1. Entre Necessidade e Desejo
Necessidade é aquilo que nos é indispensável para existir, para viver com dignidade. Já o desejo, por outro lado, é uma fantasia da necessidade, adornada pelas vontades e, frequentemente, alimentada pelas artimanhas do mundo exterior. As propagandas modernas, principalmente as que chegam pelas telas de nossas casas, brincam com nossos desejos, transformando-os em necessidades fictícias. Elas vendem a promessa de um preenchimento que, na verdade, é vazio. Mas desejo não é necessidade; é uma construção intencional, moldada por quem deseja nos controlar.

2. A Ilusão do Ter como Ser
O sistema em que vivemos cria uma equação enganosa: nos ensina que quanto mais possuímos, mais somos. Propagandas e campanhas publicitárias não falam diretamente às nossas carências autênticas; falam ao nosso ego, à nossa vaidade, manipulando nossa vontade para desejar o que não precisamos. Assim, as propagandas tomam o lugar de um ditador silencioso, impondo a falsa ideia de que, para sermos felizes, precisamos de mais – mais objetos, mais status, mais validações externas. A pobreza, então, não é falta de coisas, mas a sensação fabricada de que sempre há algo faltando, nos tornando eternos carentes de algo que não precisamos.

3. O Estado de Completude é a Verdadeira Riqueza
O estado de plenitude, de contentamento genuíno, nos faz verdadeiramente ricos. Quando nos sentimos completos, preenchemos o espaço interno onde Cristo habita e de onde a abundância de sentido e propósito flui. O mundo exterior pode até nos oferecer satisfações momentâneas, mas a vida abundante em Cristo vai além dessas ilusões. É quando abandonamos o peso dos desejos transitórios e alcançamos o que realmente importa que encontramos a paz.

4. O Perigo da Vontade Dominada pelo Desejo
A vontade é a força motriz interior, surgida do nosso ser mais profundo. O desejo, por outro lado, pode ser manipulado, uma faísca de insatisfação lançada em nós pelas influências externas. Quando nossa vontade é invadida pelo desejo, tornamo-nos prisioneiros, movidos não por uma força própria, mas pela pressão de um sistema que busca nossa obediência. Nossos desejos deixam de ser uma expressão autêntica do que somos e passam a ser uma estratégia do mundo para que desejemos o que ele quer que consumamos.

5. Contentamento e Plenitude: O Caminho em Cristo
Nossa verdadeira riqueza reside no estado de contentamento, uma satisfação que não se alcança acumulando bens, mas abrindo espaço para o que é eterno e profundo. Na busca por Cristo, descobrimos que o que realmente nos falta é a conexão com nossa verdadeira fonte de completude. Ao encontrar satisfação em Cristo, descobrimos que a vida abundante que Ele oferece não é feita de coisas, mas de um relacionamento pleno, de um preenchimento que só Ele é capaz de dar.

A riqueza não está no que possuímos, mas no que nos possui. Satisfeitos em Cristo, compreendemos que o que temos de mais valioso não se pode comprar.

Comments

No comments yet. Why don’t you start the discussion?

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *