Eu estou aqui e estou lá, habitando simultaneamente o presente e o além, como um fluxo contínuo que navega entre o agora e o eterno. Sou um movimento de lá para cá, uma passagem constante entre o que foi e o que está por vir, ancorado no momento, mas impulsionado por algo mais vasto. Carrego em mim a dança entre esses espaços, onde cada passo revela um pouco mais do que sou e do que estou me tornando.
Nesse caminho, anulo o peso da hostilidade, dissolvendo as barreiras que tentam me prender ao desassossego, à resistência. Escolho repousar em minha própria voz, uma voz que é ao mesmo tempo um refúgio e uma força. Ela é meu abrigo silencioso, onde encontro a serenidade que me protege, a paz que me impulsiona. Minha voz é a expressão de um espaço seguro, onde habito o que gosto, onde persigo o que é verdadeiro.
Enquanto busco a segurança no que me atrai e no que me completa, encontro também o que devo, o que me cabe ser e realizar. Não é uma busca vazia, mas uma travessia para o que é justo e essencial, uma jornada onde o que encontro é tanto dever quanto dádiva. E assim, me torno entrega — uma entrega que não é forçada, mas fluida, uma partilha de algo que é natural e certo.
Entrego o que é justo, não como um gesto de concessão, mas como uma extensão daquilo que habita em mim. Em cada ato, em cada movimento, torno-me esse equilíbrio, essa justiça que transcende as intenções e que reverbera para além do aqui e do lá. E enquanto me movo, sou completo e pleno, entre o que sou e o que ofereço, entre o que busco e o que entrego.