Mensagens e Inspirações

O Que a Vida Me Disse em Silêncio

Ontem prometi escrever sobre a vida.
Hoje, percebo que é mais fácil prometer do que cumprir.
A vida não se deixa traduzir facilmente. Ela não se entrega inteira a quem escreve, apenas oferece pistas, fragmentos, impressões.

Pensei em falar da vida como um desafio, uma luta, um campo de batalhas. Mas isso seria só uma parte.
Pensei em defini-la como dádiva, como presente. Mas isso também não basta.
A vida é tudo isso e, ao mesmo tempo, é outra coisa, algo que nos escapa, mesmo quando acreditamos compreendê-la.

O que a vida exige de mim?
Talvez atenção. Talvez escuta.
Talvez coragem para continuar mesmo sem saber por quê.
Ela exige presença, não de corpo apenas, mas de alma desperta.
Ela pede que eu esteja inteiro, mesmo quando estou em pedaços.

O que a vida oferece?
Instantes.
Não promessas eternas, mas lampejos breves de beleza. Um abraço que nos salva num dia difícil. Uma música que nos traduz. Um silêncio que nos consola mais do que qualquer palavra.
A vida oferece brechas. Portas entreabertas por onde entra a luz.

E o que ela sussurra?
Ela sussurra que tudo passa.
Mas também sussurra que tudo importa.
Que não somos tão fortes quanto fingimos, nem tão fracos quanto tememos.
Ela sussurra que cada instante vivido com verdade já é uma forma de vitória.

Hoje, não escrevo para explicar a vida.
Escrevo para me aproximar dela.
Com a reverência de quem pisa em chão sagrado.

Talvez escrever sobre a vida seja isso:
Não um ato de domínio sobre ela,
Mas um gesto de escuta.
Uma oração escrita com palavras humanas
para tentar alcançar o invisível.

Sou Tiago Rizzolli, pregador nascido na periferia, onde aprendi que escutar é mais sagrado do que falar. Escuto a Deus, as pessoas e os mistérios da vida. Já atuei em conselhos, federações e secretarias, mas o que me move é a busca por sentido, beleza e justiça. Transito entre a fé e a filosofia, entre o que urge no mundo e o silêncio que habita em mim. Ensino, prego e escrevo como quem procura ser inteiro, não importante. Acredito na partilha, na presença e na palavra que brota do corpo. Vivo com os pés no chão e os olhos voltados para o invisível. Sou pó em travessia.

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