Reflexão Espiritual e Prática Cristã

O Silêncio dos Encontros Não Vividos

Quando vou à igreja, não só à minha, mas em especial quando visito outras, levo comigo uma esperança que parece pequena, mas pulsa forte dentro de mim. Uma esperança de que, ali, entre as cadeiras e os cânticos, entre os olhos fechados da oração e os olhos abertos da fé, esteja ela… minha futura esposa.

Eu não buscava só beleza. Procurava santidade. Pureza no olhar. Amor pela Palavra. Aquela que fosse, ao mesmo tempo, sensível e firme, maternal e sábia, doce e cheia de vontade de formar uma família de verdade, no temor do Senhor.

Mas, mesmo com tudo isso queimando em mim, ficava parado. Esperava.
Pensava: “Se for de Deus, ninguém vai impedir.”
E assim me escondia atrás dessa verdade, talvez por medo, talvez por fé.

O contato era mínimo, quase inexistente. Só os olhos. Só o momento do culto. Nada além. Nenhuma conversa, nenhum sorriso, nenhum “oi”. E eu imaginava quem ela poderia ser… orava, mas não escolhia. Apenas pedia: “Senhor, escolhe por mim.”

E nessa entrega silenciosa, muitas passaram diante dos meus olhos, jovens do Senhor, santas, lindas almas, e foram embora sem que eu conhecesse suas vozes. E sem que elas conhecessem a minha.

Hoje, sinto o tempo correndo. Algumas chances passaram, e talvez não voltem mais. Mas eu sigo crendo. Porque Deus sabe. Ele sabe que eu recusei caminhos fáceis, bandejas que o mundo me ofereceu…
Tudo por esperar o dia em que Ele me entregará minha joia. Meu tesouro.

E quando esse dia chegar, saberei: foi o próprio Deus quem me conduziu até ela.

Sou Tiago Rizzolli, pregador nascido na periferia, onde aprendi que escutar é mais sagrado do que falar. Escuto a Deus, as pessoas e os mistérios da vida. Já atuei em conselhos, federações e secretarias, mas o que me move é a busca por sentido, beleza e justiça. Transito entre a fé e a filosofia, entre o que urge no mundo e o silêncio que habita em mim. Ensino, prego e escrevo como quem procura ser inteiro, não importante. Acredito na partilha, na presença e na palavra que brota do corpo. Vivo com os pés no chão e os olhos voltados para o invisível. Sou pó em travessia.

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