
O Silêncio dos Encontros Não Vividos
Quando vou à igreja, não só à minha, mas em especial quando visito outras, levo comigo uma esperança que parece pequena, mas pulsa forte dentro de mim. Uma esperança de que, ali, entre as cadeiras e os cânticos, entre os olhos fechados da oração e os olhos abertos da fé, esteja ela… minha futura esposa.
Eu não buscava só beleza. Procurava santidade. Pureza no olhar. Amor pela Palavra. Aquela que fosse, ao mesmo tempo, sensível e firme, maternal e sábia, doce e cheia de vontade de formar uma família de verdade, no temor do Senhor.
Mas, mesmo com tudo isso queimando em mim, ficava parado. Esperava.
Pensava: “Se for de Deus, ninguém vai impedir.”
E assim me escondia atrás dessa verdade, talvez por medo, talvez por fé.
O contato era mínimo, quase inexistente. Só os olhos. Só o momento do culto. Nada além. Nenhuma conversa, nenhum sorriso, nenhum “oi”. E eu imaginava quem ela poderia ser… orava, mas não escolhia. Apenas pedia: “Senhor, escolhe por mim.”
E nessa entrega silenciosa, muitas passaram diante dos meus olhos, jovens do Senhor, santas, lindas almas, e foram embora sem que eu conhecesse suas vozes. E sem que elas conhecessem a minha.
Hoje, sinto o tempo correndo. Algumas chances passaram, e talvez não voltem mais. Mas eu sigo crendo. Porque Deus sabe. Ele sabe que eu recusei caminhos fáceis, bandejas que o mundo me ofereceu…
Tudo por esperar o dia em que Ele me entregará minha joia. Meu tesouro.
E quando esse dia chegar, saberei: foi o próprio Deus quem me conduziu até ela.
