A Busca Infinita: A Ausência de Mim

Há uma ausência que me invade, uma distância entre quem sou e quem espero encontrar. Onde estou? Me busco entre as palavras, nos fragmentos de cada frase, nos labirintos de cada letra que deixo no papel. Sou uma presença que se oculta no espaço, no vazio entre uma palavra e outra, na completude da tinta que ainda não secou. Me busco na interseção entre o papel e a caneta, nesse toque sensível e firme, onde cada movimento é um traço de mim, um esforço de autoencontro.

Me encontro e me perco no bloco de notas, no rascunho da vida, nos esboços que se tornam definitivos. Me busco na página onde os erros e os acertos se misturam, onde aquilo que foi escrito já não pode ser apagado nem ignorado. Em cada linha, sou a tentativa de me reconhecer, de entender essa presença que se expressa, mas que permanece, ao mesmo tempo, indefinida.

Me busco nas frases descartadas, aquelas palavras que nem chegaram a ser escritas, que ficaram no silêncio da intenção. Me busco na intencionalidade do coração, nas frases que estavam destinadas a existir, mas que nunca se materializaram. Sou a busca daquilo que ainda não foi dito, da frase que poderia ter sido planejada e moldada, mas que vive apenas na promessa de ser. Vivo, então, na busca da busca de mim.

Me encontro nas capas que envolvem o livro da minha existência, no entreabrir das páginas, no abrir do livro e também no seu fim. Em cada abertura, em cada palavra lida e relida, há um pedaço de mim, algo que me leva para mais perto ou mais longe. Mas a busca nunca cessa. Sou uma presença que se reinventa, uma ausência que caminha em direção a si mesma, sempre se buscando, sempre se encontrando, como se a busca fosse, por si só, o destino final.

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