A verdade é uma metáfora da vida, e só tem sentido quando recolhemos os detalhes — como quem se curva para juntar os pedaços de uma história que, em sua pequenez, revela algo imenso. Hoje é dia de colher detalhes, de viver essa vida que, mesmo miúda, é extraordinária em cada respiração. Mas não há pressa; apenas a espera, aguardando pela serenidade que inevitavelmente virá.
Tenho vivido a certeza de que a sinfonia só é plena porque une acordes dissonantes, maiores e menores, e de que a beleza verdadeira nasce do entrelaçar de sons aparentemente contraditórios. O todo, então, preenche o espaço com uma intensidade que é tão sacra quanto o choro de quem sente e o riso de quem se alegra. A beleza e a tristeza se complementam e se fundem, e compreender essa dualidade é entender que a vida não se dá em partes, mas em um contínuo onde tudo se encontra.
Hoje, em um dia em que minha pauta carrega acordes melancólicos, refugio-me no abraço daqueles que compartilham minha luta, daqueles que me amam e desejam o meu bem. É nesse afeto que encontro força para viver cada passagem, cada nota triste que se harmoniza com o amor que recebo.
Creio firmemente que Deus, como o regente de toda essa sinfonia, sabe exatamente quando é o momento de despertar os acordes serenos, o momento em que nos prepararemos para o sorriso e a alegria. Seu movimento, em nossa partitura, convida-nos a confiar que o sofrimento é passageiro e que, com o tempo, a harmonia será restaurada.
A vida é linda, mas é uma beleza que traz dor. A maturidade nasce a cada interlúdio de tristeza, como o fruto que emerge quando aceitamos a sinfonia em sua totalidade.
E, afinal, tudo o que é, é!