Destruir uma vida… tão fácil e, ao mesmo tempo, tão devastador. Basta permitir que o pecado se infiltre, que suas raízes tomem a terra fértil do coração e a cubram de sombras. O pecado é uma praga silenciosa que prospera nas rachaduras da nossa alma, se expandindo lentamente. E mesmo com todas as minhas forças, por mais que lute, sinto-o como uma presença indesejável, uma sombra que me persegue nos momentos de fraqueza. Não quero essa sombra, mas, muitas vezes, ela está mais próxima do que eu gostaria.
Há um temor em confessar isso, em expor quem sou de verdade. Confessar é despir a alma e revelar as feridas que nem sempre queremos admitir. Confessar é doloroso, porque exige que sejamos brutalmente honestos, não apenas com os outros, mas, sobretudo, conosco mesmos. E para abrir esse livro de segredos, é preciso confiança — uma confiança que, muitas vezes, receio não ter.
Confessar é, de certa forma, um renascimento. É como arrancar de dentro de nós as sombras e expô-las à luz, permitindo que Deus — e quem sabe alguém de confiança — possa ver aquilo que estamos tentando esconder. Mas quando me envergonho de confessar, quando temo revelar quem realmente sou, começo a perecer de dentro para fora. É um processo de lenta decomposição, como um fruto deixado no escuro, apodrecendo enquanto ninguém vê.
E quem sou eu, afinal? Esse é um mistério que talvez eu nunca consiga resolver por completo. Folheio as páginas da minha vida, buscando respostas, tentando decifrar a trama dos meus dias. Percorro cada linha, cada espaço em branco, tentando encontrar o que me levou às escolhas, ao peso da culpa, às derrotas. É como buscar estrelas num céu nublado — alguns pontos de luz surgem, mas logo se escondem outra vez.
A destruição de uma vida não é um ato imediato; é um processo gradual, uma erosão lenta e constante. O mundo parece conspirar para que sucumbamos, para que nossas fragilidades se tornem insuportáveis. Mas quando o mundo deseja minha ruína, sei que Deus deseja a minha restauração. Sei que há uma esperança, um recomeço, mesmo para quem já se sente em pedaços.
Então, faço uma súplica: Senhor, não me lances fora. Mesmo que tudo em mim esteja quebrado, mesmo que eu tenha que sacrificar tudo o que sou, não me permitas cair na ruína sem esperança. Que a minha vida, reduzida ao pó, se torne barro nas Tuas mãos. Que, desse pó, Tu possas moldar algo novo, um vaso para Tua glória.
Porque, no final, viver é se quebrar e se refazer, é ver-se reduzido ao nada para, então, ser reconstruído por Aquele que vê valor até nas cinzas. Que cada confissão, cada lágrima, cada pedaço do que fui sirva ao propósito de renascer para a Tua glória.