
A vida corre, mas quem disse que precisamos correr com ela? Talvez, seja o descompasso entre o corpo e o coração que causa esse cansaço profundo, essa sensação de atropelo nos próprios passos. Eu já me questionei: será que sou eu que desacelero, ou é a vida que acelera demais? Mas o que aprendi é que, para alinhar o coração e o corpo, é preciso sabedoria. E sabedoria, essa jóia rara, só se conquista com paciência e tempo.
O corpo quer pressa, exige agenda, mantém-se de passos largos, sobrevivendo ao ritmo exigente do mundo. Já o coração… Ah, o coração é um peregrino de passadas suaves, que caminha no compasso do amor miúdo, da descoberta sutil. O coração não tem pressa, ele sobrevive de pequenos passos e de demoradas contemplações. Enquanto já fui e voltei a incontáveis lugares, o coração permanece ali, em um lugar seguro, pacífico. A verdadeira arte é reconciliar esses dois ritmos, estabelecer um compasso que abrace ambos, onde o corpo respeite a leveza do coração e o coração, por sua vez, compreenda as necessidades do corpo.
Quero aprender a caminhar assim. Não busco a pressa e o martírio de cada dia. Não quero sacrificar-me antes da hora, nem comprometer-me com essa urgência insensível que me sufoca. Quero a liberdade de saborear o tempo, como se fosse um menino sem pressa, que encontrou a poesia nas pausas e o prazer no simples observar do mundo.
E os compromissos? Eles podem esperar. O talento e o trabalho saberão renascer em seu momento. Hoje, o jovem em mim deseja mais do que cumprir obrigações – deseja mergulhar em descobertas espirituais, em uma pilha de livros que revelam mais do que mil tarefas cumpridas às pressas. Há dias em que um livro aberto, lido com calma, nos diz mais que qualquer outra coisa.
Chega de complicar a vida. Preciso de simplicidade! Quero aprender o ritmo que respeita o tempo, o ritmo que contempla a vida com a paz de quem reencontrou o caminho de volta ao essencial.