Entre Retalhos de Tempo e Espaço: A Busca pelo Infinito

O tempo… um enigma persistente que, como uma presença invisível, permeia cada instante. Pergunto-me, incessantemente, o que é o tempo. Não porque ache que encontrarei a resposta em algum manual ou definição estabelecida. Minha alma intui que a resposta que busco é um mistério que flutua entre o definido e o indefinível, habitando, talvez, aquilo que não vemos e ainda assim sentimos.

Percebo que somos cativos do tempo, porém, ao mesmo tempo, somos os autores que criam o fio contínuo de sua passagem. Nossa vida se desenrola em um presente inquebrantável, o único solo firme onde podemos caminhar. E, no entanto, o tempo traz consigo um eco do passado e uma promessa do futuro, uma sequência inevitável e misteriosa que dá corpo à vida. Não posso avançar ou recuar no tempo senão pelo presente, e esta é a sua beleza e seu mistério.

A sabedoria bíblica me diz que há um tempo determinado para tudo, mas questiono: como saber que aquele é o tempo exato? Quem determina o que deve acontecer e quando? Vejo que a resposta deve nascer de algo que transcende o conhecimento comum. É o tempo quem me leva a refletir sobre meu próprio ser e a buscar o conhecimento que o livro algum pode me oferecer.

Há algo essencial no tempo: ele nos concede um passado para que possamos ter saudades; um presente para que possamos criar, e um futuro para que possamos sonhar. É ele que desenha o pano de fundo da nossa existência. Nascer e morrer são atos profundamente enraizados no tempo; o que faço do tempo, e o que o tempo faz de mim, são perguntas que costuro a cada segundo vivido.

Às vezes, sinto-me aprisionado por essa sucessão de segundos, por esse movimento contínuo que não posso evitar. E percebo, então, que tudo o que sou depende do presente. Apenas o presente permite-me sonhar, criar, lembrar e projetar. Meu mundo é uma tapeçaria de retalhos de tempo, costurados por momentos de consciência, desenhando algo que ainda estou por entender.

Vivo entre os retalhos, e, com cada novo fragmento, crio um mosaico que me revela a essência do que sou. Na minha busca, quero mais que entender o tempo; quero moldá-lo, criar um espaço onde ele possa habitar em harmonia com o que sou. Quero que o tempo não seja um ditador implacável, mas um aliado no qual cada fração de segundo é um pedaço do meu mundo – um mundo onde o espaço e o tempo coexistem e se harmonizam, onde a arte e a lógica dançam em uma sinfonia única.

É entre o tempo e o espaço que me situo, tentando resgatar meu próprio ser. Crio, a partir desses retalhos, um espaço para o amor, para a paz e para a beleza da vida. É neste espaço-tempo que construo um abrigo para mim, uma clareira onde posso ser e onde o tempo é bem-vindo.

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