A espera é uma terra misteriosa, muitas vezes árida, onde grandes almas caminham em silêncio, sustentadas por uma fé que se recusa a murchar. Há quem espere por um instante e quem se disponha a esperar por décadas, guardando no coração a certeza de que Deus não falha. Uma pregadora contou certa vez que já aguardava uma bênção havia 21 anos. Há na espera um aprendizado profundo, uma lição de resiliência e paciência que poucas terras são capazes de sustentar.
Ao longo da história, muitas mulheres na Bíblia conheceram de perto essa terra da esterilidade. Abraçaram a espera, ainda que o solo de suas vidas parecesse infértil. Suas almas eram campos que, embora parecessem incapazes de gerar vida, tornaram-se o berço de milagres. Em um coração que aguarda, cada instante é uma semente lançada, e Deus, o divino Jardineiro, é quem decide o tempo da colheita.
Pensemos nas sementes. Em sua essência, elas são promessas. Contudo, uma boa semente exige uma boa terra para gerar frutos. E quem, senão Deus, pode transformar terra estéril em solo fértil? Somos terras vivas, espaços que recebem sementes todos os dias, de todas as naturezas — algumas boas, outras ruins. Mas, assim como as mulheres que aguardaram com fé, é o nosso preparo, a nossa abertura à ação divina, que transformará essas sementes em frutos de vida e graça.
Quando a semente é boa e a terra, pronta, a colheita é inevitável. E se a terra for árida, Deus se inclina com amor para operar o milagre do florescer em meio à esterilidade. Deus tem uma predileção pelos terrenos estéreis, pelos corações que sabem que nada podem por si mesmos e, em vez de desistirem, entregam-se inteiramente a Ele. Onde muitos veem infertilidade, Deus vê potencial, terreno santo onde o impossível se torna realidade.
Há momentos em que lançamos sementes sem nem saber o porquê, talvez sem intenção de que germinem. Mas uma vez lançadas, elas repousam, aguardando o toque do divino. Quando germinam, quando começam a dar sinais de vida, cabe a nós cuidar, regar e vigiar, para que o que foi plantado em nós seja colheita de luz e não de escuridão.
E é aí que entra o mistério do cuidar, da entrega e da fé que não se desvanece. “Senhor, que a minha espera seja guiada pela Tua mão”, diz o coração que não quer desviar-se do caminho, mesmo quando não entende o desígnio da semente lançada. Que Deus ilumine cada escolha, que a Sua vontade seja a lâmpada que orienta os passos vacilantes.
Hoje, como Tiago, trago a minha oração. É um clamor humilde: “Senhor, que a Tua misericórdia me alcance! Não sou perfeito, sou apenas um homem em busca de Teu amor, em busca de viver para Ti, ainda que falhe tantas vezes. Que Tua mão poderosa repouse sobre mim e me guie, mesmo quando a terra de minha alma parecer vazia. Quero viver para Ti, Senhor. Ilumina-me, cura-me, transforma-me.”
Pois, em última análise, tudo o que somos — toda semente, todo sonho, toda espera — repousa nas mãos de Deus. Que Ele seja o jardineiro das nossas almas, aquele que transforma estéreis desertos em jardins de esperança e redenção.