Há uma tensão que arde no interior, um alvoroço silencioso que ressoa como uma chama contida, uma vontade incontrolável que se agita, ansiando por algo que ainda não tem nome. É um sentimento de querer que, paradoxalmente, traz consigo um repouso inquieto, um pulsar que nunca cessa. Como um rio que sabe seu caminho mas ainda não encontrou seu mar, esse desejo carrega em si a promessa de algo a ser encontrado — mas é um encontro que, por enquanto, permanece suspenso no mistério.
É um sentimento de não encontro, uma ausência que desperta o desejo pela busca, que transforma a falta em força motriz. É o querer que quer ser, o desejo de encontrar aquela presença que se tornará resposta, aquela que, ao ser encontrada, acalmará o anseio. Mas enquanto não chega, essa busca continua, alimentando-se do mistério, sustentando-se na esperança, como se cada passo na direção do desconhecido fosse, em si, uma forma de encontrar.
E então, esse querer torna-se um destino, uma jornada em direção ao inatingível que, ainda assim, é o próprio caminho. Pois talvez a resposta não esteja apenas no que se busca, mas na própria busca, no movimento em direção ao que é e ao que será, ao desejo que nos faz avançar, a um amor que pulsa em cada passo, mesmo sem forma definitiva.