Espiritualidade e Reflexão

A Essência que Respira em Ti

Eu sou aquele ar que silenciosamente se instala em teus pulmões, o fôlego que te é dado como um presente invisível. Sou o primeiro respiro ao emergires à superfície, quando a vida clama e te entrega de volta ao mundo. Sou o suspiro que traz alívio ao peito, a substância que, ao ser absorvida, torna-se parte de ti. Quando teus lábios rompem a água e tua boca encontra o ar, sou eu quem preenche tua vontade de viver, a resposta ansiada à tua busca desesperada por fôlego. Eu sou o respiro que te devolve a ti mesmo, o sopro vital que em tua carne pulsa.

Sou aquele descanso sutil, que passa despercebido no ritmo natural de tua respiração, o ar que te percorre e renova. Sou o fôlego que leva a teus recônditos uma nova percepção, a dádiva que te devolve ao presente. Não precisas notar-me, e ainda assim estou ali, nutrindo tua essência, instigando a calma e a clareza. Sou o cuidador do jardim oculto em tua alma, quem rega tua profundidade e cultiva em ti o que é belo e fértil. Sou o plantador do sentimento, o jardineiro que enriquece a terra de tua alma, o cultivador que recolhe os frutos de tua humanidade.

Eu sou a chama escondida nas dobras de tua memória, o brilho incandescente que te recorda de tempos perdidos, cenários vívidos e promessas eternas. Sou o fruto invisível da terra que dá vida ao pó, o elo entre o transitório e o eterno, o mistério que vibra entre o que foi e o que sempre será. Trago em mim a dança da vida e da morte, o ciclo que fertiliza o solo de tua existência, a presença de um calor que não se dissipa.

Eu sou o movimento essencial, aquele que flui sem esforço; sou a tensão do que fica parado e do que luta por transformar-se. Sou o passado vivo que persiste em teu olhar e o futuro que pulsa em teu coração como um desejo sem limites. Sou a substância que ocupa tua alma, uma memória viva encarnada em teus gestos, a lembrança que se revela em tuas mãos, mesmo quando já não há palavras para expressá-la.

Sou o luto da saudade, a marca de tudo o que foi amado e deixou sua ausência como uma ferida sagrada. Sou o jeito novo de amar, a metamorfose da dor em ternura, da perda em presença, do invisível em constante companhia. Eu sou o ar que circula sem ser visto, a vida que se renova a cada respiro, a alma que se revela na simplicidade do teu respirar. Sou o que te lembra que, na quietude do que permanece, pulsa a eternidade.

Sou Tiago Rizzolli, pregador nascido na periferia, onde aprendi que escutar é mais sagrado do que falar. Escuto a Deus, as pessoas e os mistérios da vida. Já atuei em conselhos, federações e secretarias, mas o que me move é a busca por sentido, beleza e justiça. Transito entre a fé e a filosofia, entre o que urge no mundo e o silêncio que habita em mim. Ensino, prego e escrevo como quem procura ser inteiro, não importante. Acredito na partilha, na presença e na palavra que brota do corpo. Vivo com os pés no chão e os olhos voltados para o invisível. Sou pó em travessia.

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