A Promessa da Luz: Caminho do Amanhecer

O sol, estrela grandiosa, queima com um fulgor indomável, um astro colossal que, embora imenso, carrega seus limites no abraço à Terra. Ele reina como um soberano que ilumina sem jamais tocar, um centro que atrai e transforma, lembrando-nos, sempre, de que há algo que vai além de sua luz — a fonte verdadeira, a claridade eterna, onde os olhos da alma enxergam o que é essencial. Em sua majestade e distância, o sol nos fala, nos chama, como um farol que lança luz sobre as trevas, mostrando o caminho, despertando nossa sede de vida. Como Platão nos guiaria a entender, este sol visível é só um prenúncio, uma lembrança do verdadeiro Sol que jamais se apaga, da pura forma que está além de tudo o que brilha aqui.

Há aqueles que evitam a luz, aqueles que amam a sombra e se perdem no frio vazio das cavernas. Rejeitam o chamado, recusam a clareza. Vivem como sombras do que poderiam ser, temendo o que a luz poderia revelar. A luz expõe, traz à tona, revela o mundo e a nós mesmos, e muitos fogem disso. Mário Ferreira dos Santos diria que essa fuga é a perda da própria realidade, da ordem que sustenta o ser. Rejeitar a luz é abraçar a confusão e o abandono da essência; é resistir à forma e se perder nas névoas de uma vida sem raízes, sem ordem e sem sentido.

Mas a alma que acolhe o sol dentro de si floresce, aquece-se na esperança de algo maior. Jesus é o Sol da Justiça, a Estrela da Manhã que rasga a noite e chama cada parte de nós para a luz do eterno. E não é uma luz distante; é uma luz que invade, que pulsa em cada centímetro de nossa carne e espírito, trazendo sentido e vida. Lavelle nos falaria desta luz como um toque invisível que, suave e insistente, desperta em nós a percepção de uma Presença viva, uma Verdade que só se revela a quem ama, a quem deseja. O Cristo é o Amanhecer que inaugura a manhã dentro de nós, que revela que a escuridão é apenas uma passagem para o dia.

E a noite que atravessamos, por mais densa, por mais longa, não será eterna. Há uma promessa de luz, e cada sombra apenas aguarda o primeiro toque de seus raios. Se olharmos com olhos atentos, perceberemos que a escuridão contém, em sua quietude, o prenúncio do brilho, o sussurro do dia que se aproxima. Como Georges Bernanos observou, a esperança dança no limite do desespero; a fé brilha onde tudo parece perdido. E o amanhecer, ainda que demore, ainda que tarde, é certo, é belo, e é poderoso.

Teu amanhecer será assim: repleto de glória, transbordante de graça. Veja no horizonte, sinta o primeiro toque de luz que desperta a manhã em ti. O sol maior começa a despontar, não apenas no céu, mas no profundo do teu ser. Que ele te aqueça, que cada centelha penetre e reviva as fibras do teu coração, e faça do teu ser uma nova alvorada. Deixa que Jesus, o Sol vivo, resplandeça em cada parte de tua vida, varrendo a escuridão, acendendo cada sombra. Pois quando Ele ilumina, todas as coisas ganham nova cor, novo brilho, e o teu coração descobre a verdadeira felicidade — aquela que nasce da luz que se abre, lentamente, como a manhã em nós.

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