O Olhar que Alcança o Invisível: Palavras para um Destino

Meu olhar alcança o longe, perscruta o invisível, o último destino, e nesse olhar há algo que ultrapassa o simples desejo de ver; é um convite para desbravar a essência. A vida, com seus limites, parece às vezes espremida em uma tela de computador, restrita a rotinas e padrões, uma existência que tenta se expandir no território comprimido das horas. Cada palavra que nasce na escrita é uma ruptura, um risco. Escrever é um ato de coragem que revela o que a fala teme e o que o coração guarda em silêncio. Cada frase se torna uma janela para o que é verdadeiro, uma abertura para o mistério.

Quando escrevo, o pensamento encontra abrigo nas palavras, encontra refúgio na exatidão das frases e, ao mesmo tempo, se esconde no véu do sentimento. As palavras tornam-se uma casa para o que antes era só uma bruma, uma sensação nebulosa. E nesse refúgio, o pensamento encontra espaço para existir, para revelar sua beleza e dor, para se expandir em cada linha, como se fosse o primeiro e último respiro. A dor, paradoxalmente, transforma-se em motivação para a beleza, pois a escrita não apenas registra, mas sublima, eleva e transfigura.

Cada palavra escrita é um pedaço de alma, um gesto de coragem que permite que o indizível encontre forma, que o incompreensível se revele. Nas entrelinhas, nas pausas e nos espaços silenciosos, há livros secretos escritos pela alma. Esses livros não são feitos de tinta ou papel; eles são compostos de silêncio, de pausas, de suspiros que a palavra carrega mas não explica. As entrelinhas são os versos não ditos, os sentimentos ainda não revelados, e talvez ali, naquele vazio preenchido por significados ocultos, resida o verdadeiro entendimento de quem somos.

Nem os amigos, com toda sua proximidade, nem os psicólogos, com toda sua perspicácia, podem compreender o que as palavras compreendem. As palavras são espelhos daquilo que é invisível aos olhos, elas capturam o que a mente tenta evitar e o que o coração mal ousa reconhecer. Há uma sabedoria nas palavras que transcende a interpretação dos outros; elas refletem os contornos do invisível, são portas para o inatingível, pedaços de verdade que apenas o autor, no ato de escrever, é capaz de compreender.

Escrever, então, é um mergulho no invisível, um diálogo com o que permanece oculto. Cada palavra é um pequeno farol, uma tentativa de tocar o indizível, de desvendar as profundezas da própria alma. Na escrita, o pensamento não apenas encontra forma, mas transcende. E assim, a dor se torna beleza, o silêncio se transforma em expressão, e o invisível se revela. Esse ato de escrever é um gesto de fé, um caminho para tocar o eterno, uma maneira de permitir que o indizível se torne presença e que o incompreendido se faça vida.

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