Já se imaginou no céu? É algo que escapa a toda palavra, um mistério que vive no coração do Eterno. Pois como poderia o olho humano, marcado pelo tempo, pelo pecado e pela dúvida, vislumbrar uma beleza imensurável, inalcançável a qualquer mente que se limita ao que conhece? O céu, dizem, é onde Deus habita — mas não como um lugar, uma sala grandiosa ou um campo sem fim; é onde Sua presença reina sem sombras, onde tudo existe n’Ele, em harmonia profunda e eterna. O céu é o espaço onde o amor é mais que amor; é a própria substância da realidade.
Curiosamente, há quem diga: “estou vivendo um inferno”. Como se inferno fosse algo que eles pudessem experimentar de verdade, conhecendo, talvez, um ou outro toque de dor, de vazio. Mas será o inferno isso? O inferno, penso, não é apenas sofrimento — é ausência, ausência de propósito, de luz, de esperança. Muitos confundem o inferno com a falta de prazer, com o toque de uma dor temporária, mas o inferno verdadeiro, se é que podemos imaginar, é uma vida onde a alma jamais encontra repouso, onde se vive sem direção, como alguém perdido em um labirinto escuro sem saída.
Viver uma vida de prazeres, fama, dinheiro… nem de longe é o céu, e também não é o inferno. O céu, veja, é algo que começa de modo silencioso, no caminhar do espírito, no estreito fio que nos leva ao encontro de Deus. E esse caminho, na maioria das vezes, não é pavimentado de facilidades; pelo contrário, é regado com lágrimas, com renúncias e, muitas vezes, marcado pela dor. Mas essa dor é a marca do amor que se dedica a algo maior, que vai além de si, que abraça uma fé verdadeira.
Para vencer esse caminho, é necessária uma força que não vem de nós: a autoridade de Deus. Estar perto de Deus é viver essa autoridade, sentir que não estamos sozinhos quando a luta nos atinge. O medo, por outro lado, é uma sombra. E o Diabo, como um ladrão silencioso, quer nos desarmar, quer que percamos essa autoridade, quer que sejamos frágeis. Quando o medo toma o lugar da fé, é como um campo que se seca; e nesse vazio, ele espera encontrar espaço para habitar. Mas, quando Deus preenche a alma, não há espaço para o medo.
Porque onde há amor, o medo é uma ilusão. Quem verdadeiramente ama não teme; quem ama sofre, mas o sofrimento traz vida, ensina a esperar, a ser paciente, a confiar. O amor é um exercício, uma entrega ao propósito divino, uma ponte que nos leva cada vez mais próximos daquilo que nos escapa. Amar é desenvolver em nós o caráter de Cristo, é nos moldar, dia após dia, à imagem do nosso Criador, e essa imagem se forma em meio às tribulações, no calor das provas.
Então, que não nos conformemos com o mundo, com suas ilusões e ofertas passageiras. Que não digamos sim ao pecado, porque cada sim ao mundo é um passo na direção errada. Que resistamos, que combatamos o bom combate com as armas da fé, revestidos de autoridade divina. E assim, com firmeza e humildade, garantiremos a vitória, em nome de Jesus, ecoando a paz que o céu guarda para aqueles que esperam e confiam.