Não era apenas teoria para Tio Fábio; na prática, ele mesmo parecia ser uma dessas figuras que carregam alegria consigo. Como o palhaço daquele circo distante, tinha uma habilidade incomum de fazer os outros rirem, de arrancar um riso genuíno até dos momentos mais sombrios. E assim, quando penso nos relacionamentos, especialmente nos amorosos, vejo o quanto se tornam mais leves, mais plenos, quando temos ao nosso lado alguém que traga consigo a exuberância de um sorriso verdadeiro.
Não há nada mais inspirador, nem mais saudável, do que a companhia de quem sabe sorrir de verdade. (E, convenhamos, não há nada mais insuportável que o sorriso artificial, aquele forçado como o dos políticos.)
Ao contrário, a vida ao lado de alguém que não conhece o poder do sorriso pode ser pesada, um verdadeiro fardo. O ideal? Ter uma “palhaça” como parceira, uma pessoa que ria e nos faça rir, que ilumine a existência e inspire o riso com simplicidade e honestidade.
O sorriso é mais do que um gesto; é uma atitude perante a vida, uma virtude que revela um espírito que, sem fugir da realidade, a encara com dignidade e coragem. Talvez o sorriso seja também uma prova de que é possível ver a vida com suavidade, como quem desafia o peso das adversidades. Penso em figuras como o Dalai Lama, cuja paz parece brilhar em cada sorriso. Será essa serenidade genuína ou uma dissimulação hábil? O sorriso constante poderia ser uma armadura? De qualquer modo, é uma expressão de grandeza — o contrário do rosto fechado, sombrio, que frequentemente revela o que Tio Fábio chamava de “síndrome da vítima”: o hábito de culpar o mundo, a vida, os outros, como se tudo fosse uma trama criada para nos prejudicar. Para essas pessoas, o mundo é o algoz, e, para elas, o sorriso parece um intruso.
Mas o sorriso, digo de novo, é uma escolha consciente, um esforço cultivado. Poucos nascem com uma alma que sorri naturalmente; para nós, seres comuns, sorrir é uma tarefa cotidiana, um exercício para ver a vida de um ângulo mais ameno, uma disposição para o bem.
Entre os livros favoritos de Tio Fábio, havia uma passagem de Sêneca que ele sempre destacava para mim: a história de um filósofo que perdeu tudo num naufrágio e, ao invés de lamento, reagiu com uma frase inesquecível: “É que o destino quis que eu filosofasse mais desembaraçadamente.” Admirável essa capacidade de ver em uma tragédia a liberdade de um novo começo. Fábio sempre lia com um lápis e uma caneta ao lado, sublinhando, anotando, saboreando cada lição. Quantas vezes tentei imitá-lo, mas falhei no método, em minha impaciência. Quem sabe um dia ainda consiga.
Entre os conselhos de Tio Fábio, o de “cercar-se de palhaços” foi um dos mais valiosos. Mas com o tempo, aprendi uma verdade adicional: não basta ter por perto pessoas que sorriam. É preciso aprender a sorrir também, a ser um palhaço para o outro. Receber risos é bonito, mas dá-los é ainda mais nobre.
Você sabe que uma relação está condenada quando se esgota a capacidade de rir juntos. O riso é a respiração natural de um romance saudável, é a nota que torna a convivência um prazer. E quando ambos esquecem como rir, vale a pena o esforço de lembrar. Mas, se em vez disso, você se depara com lamentações constantes e com um clima pesado, talvez seja hora de partir. Não de abandonar o sorriso ou a esperança no amor, mas de deixar para trás uma relação que se tornou estéril. Só persista se tiver apego ao sofrimento. Para quem acredita que o sentido da vida é a felicidade, o melhor é respirar fundo e seguir em frente, com um sorriso no rosto, na certeza de que um novo riso, verdadeiro e renovador, sempre espera um pouco adiante.
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MEdite em Pv 4.18
Em Cristo, Pr Marcello de Oliveira
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