O templo do Ministério Ide cresceu, ganhou corpo e expressão. Os filhos do pastor Sebastião também cresceram, acompanhando o desenvolvimento daquela obra. Mas as mudanças em nosso entorno não se limitaram ao crescimento do Ministério Ide. Após a morte do meu amigo, o pastor responsável pela igreja que ficava na mesma rua decidiu mudar-se para outro município, um deslocamento motivado pelo impacto do ocorrido. Com isso, a igreja que ele liderava foi fechada, e aquele espaço tornou-se um vazio aguardando novos propósitos. Foi nesse contexto que os desígnios de Deus começaram a se revelar com clareza.
Naquela época, meu pai pastoreava uma igreja em Vila Batista, mas o peso do aluguel tornou-se insustentável. Ele buscava em oração e discernimento entender os caminhos que o Senhor desejava que trilhássemos. A saída do pastor da igreja vizinha ao Ministério Ide foi vista por ele como um sinal divino. Meu pai percebeu que Deus estava abrindo portas para entrarmos no bairro Primeiro de Maio e ali estabelecer um novo campo. Foi assim que adentramos aquela comunidade, onde o pastor Sebastião, com sua bondade e visão de Reino, tornou-se um parceiro próximo. Sua esposa, a irmã Nelza, foi uma auxiliadora indispensável, sempre presente com seu apoio e cuidado.
Entre os anos de 2002 e 2003, aqueles dias foram verdadeiramente áureos. A obra de Deus florescia na Congregação do Primeiro de Maio, e eu via a mão do Senhor moldando não apenas a igreja, mas também a minha própria vida. Foi ali que comecei a admirar profundamente a pregação do meu pai. Deus o usava de maneira tão poderosa que eu não conseguia conter as lágrimas. Suas palavras, cheias de unção, atravessavam a congregação como rios de vida, e a glória de Deus era sentida intensamente. Cada culto parecia um encontro direto com o céu, e minha vida espiritual encontrou ali um solo fértil para crescer.
Naquela igreja, minha sinceridade e minha vida de oração foram profundamente fortalecidas. Foi ali, em meio à simplicidade daquele lugar e à intensidade da presença divina, que experimentei o preenchimento do Espírito Santo em meu ser. Um calor indescritível, uma paz que transcendia o entendimento, uma convicção de que Deus habitava naquele lugar e em minha vida. A glória era tão palpável que muitas vezes me sentia envolto em algo que não podia explicar com palavras, mas que marcava minha alma profundamente.
Lembro-me de uma ocasião especial em que o pastor Zil Matos foi convidado a ministrar em nossa igreja. Ele era conhecido por seu ministério de louvor e palavra, mas naquela noite, algo extraordinário aconteceu. Enquanto ele pregava, no meio do culto, virou-se em minha direção e, com uma convicção impressionante, disse: “Tiago, Deus vê e sabe da sua preocupação quanto ao seu futuro, mas não se preocupe, Ele já preparou tudo.” Fiquei arrepiado dos pés à cabeça. Ele não me conhecia, e eu também não o conhecia. Suas palavras, porém, atingiram diretamente os anseios do meu coração, os pensamentos que eu guardava apenas para mim.
Naquela época, eu mal sabia o que era um computador. Em casa, tínhamos apenas uma máquina de escrever. A internet era um conceito distante; Orkut, se já existia, não fazia parte da minha realidade. E ainda assim, Deus usou aquele homem para falar comigo, para reafirmar Sua presença em minha vida. Aquelas palavras reverberaram em mim como uma proclamação divina: “Deus existe.”
Os dias no Primeiro de Maio foram cheios do Espírito Santo. Meu pai continuava a ser usado de forma poderosa na pregação, e a igreja era um lugar onde a presença de Deus era evidente, quase tangível. A irmã Nelza, com sua dedicação e amor, estava sempre ao nosso lado, um pilar de força e apoio naquela obra. Cada culto, cada oração, cada louvor reforçava a certeza de que Deus estava operando de maneira sobrenatural em nossas vidas e na comunidade.
Quando meu pai sentiu que era tempo de filiar a igreja ao Ministério de Jardim Colorado, foi mais uma confirmação do cuidado divino. Tudo parecia se alinhar sob a direção do Senhor, e nós apenas seguíamos os passos que Ele já havia traçado. Olho para aqueles tempos com gratidão e saudade. Eles foram um marco em minha jornada espiritual, um período em que Deus me ensinou a confiar, a orar e a reconhecer Sua mão em cada detalhe. Foi ali, no Primeiro de Maio, que compreendi que Deus não apenas cuida do presente, mas também prepara o futuro. E essa certeza ainda reverbera em mim, como a voz de um pastor desconhecido que um dia me disse: “Não se preocupe, Deus já preparou tudo.”