Eram dias de festa na Assembleia de Deus no Bairro Grande Vitória, Congregação do Ministério da Volta do Rabaioli. A igreja estava cheia, as pessoas transbordavam alegria, e os bancos estavam repletos de fiéis prontos para celebrar. Meus pais, como sempre, estavam presentes. Papai, discreto, escolhia um lugar próximo à porta. Eu, doente e impossibilitado de andar, estava no colo de minha mãe. Naquele tempo, minha realidade era marcada por limitações físicas causadas por uma meningite que tinha me atingido severamente. Minhas pernas não firmavam, e a dor na coluna era constante e avassaladora.
A cabeça de criança não compreendia a gravidade da situação. Para mim, a vida de internações, hospitais e doenças parecia algo normal, uma rotina que fazia parte da existência. E assim como era normal ir ao hospital, também era normal estar na igreja, mesmo em meio à enfermidade. Afinal, a igreja era o lugar onde buscávamos conforto, e para minha mãe, um lugar de fé e esperança inabaláveis.
Durante o culto, minha mãe, incansável e movida por um amor sacrificial, saiu por duas vezes para ir à casa de uma vizinha da igreja, uma senhora bondosa que também era membro da congregação. A casa dela foi cedida para que minha mãe pudesse fazer compressas quentes que aliviavam, ainda que momentaneamente, as dores excruciantes que percorriam minha coluna. O calor da compressa e o cuidado da minha mãe eram o alívio temporário, mas o coração dela estava voltado para algo maior: a cura divina.
Ao final da reunião, quando o sol já começava a se pôr, iluminando a tarde quente com tons dourados, minha mãe, cheia de fé e esperança, me levou até à frente da igreja. Lá, o pastor Arlindo Teodoro, que pregava naquela tarde, se posicionou para orar por mim. Ele me ungiu com óleo, símbolo de fé e consagração, enquanto toda a igreja se uniu em oração, clamando com fervor.
E então aconteceu. Não foi algo gradual, não foi no dia seguinte nem ao longo de semanas. Foi naquele instante, naquele exato momento de oração. A dor na coluna sumiu, e a firmeza nas pernas voltou. De repente, eu estava andando. Normalmente, como se nunca tivesse enfrentado a paralisia ou a fragilidade das enfermidades que me acompanharam. A igreja viu, minha mãe viu, e eu, mesmo criança, compreendi que algo extraordinário havia acontecido.
Hoje, quando alguém tenta me convencer de que Deus não existe, ou que o sobrenatural é apenas fruto da imaginação, minha mente retorna àquele dia, àquele instante em que a dor cedeu lugar ao milagre. Pergunto-me: devo acreditar nas palavras vazias de quem nunca presenciou o agir de Deus ou na experiência viva de um Deus que responde à oração e transforma a realidade em questão de segundos?
A resposta está em meu testemunho. Não apenas ouvi falar, não apenas assisti a milagres contados por outros. Eu vivi. Minha carne mortal foi tocada pelo poder divino. Meu corpo foi restaurado pela graça de um Deus que continua presente e real.