A Família: O Primeiro e Mais Sagrado Alicerce Divino

“E disse o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma adjutora que esteja como diante dele” (Gn 2.18).

A família é a mais importante instituição criada por Deus para a sociedade. Quando Deus criou Adão, o colocou em um jardim, mas estava só. Havia, então, apenas um homem. Não existiam povos, nações, nem instituições sociais, mas um único ser humano. Deus, em sua sabedoria, ao criar Eva, não a trouxe do exterior, nem de outra localidade, mas fez nascer a partir de Adão. Essa criação, essencial e integral, revela a profundidade da relação entre homem e mulher e do que seria o primeiro lar. Antes de instituir qualquer outra estrutura, antes da própria Igreja, Deus criou o casamento, e, como consequência, a família. A sociedade nasceu a partir de um lar, e não o contrário. De um lar surgiram outros, e deles nasceu a sociedade. Deus trabalhou de forma específica e centralizada antes de se expandir para o geral e, dessa forma, enfatizou a centralidade da família, destacando-a como mais importante que qualquer outra instituição humana, incluindo o Estado.

A criação de Eva, nascida do próprio corpo de Adão, é um simbolismo da unidade e da interdependência. O lar, portanto, não é meramente uma construção social, mas a raiz de todas as relações humanas. Para compreender plenamente o valor da família, é necessário olhar para seu lugar no plano divino, para as consequências da Queda e para a transformação da instituição familiar ao longo do tempo.

Deus, em sua perfeição, não fez o ser humano para viver na solidão. O propósito divino ao criar a família está enraizado em quatro pilares principais:

Primeiro, a família evita a solidão. Quando Deus declara que “não é bom que o homem esteja só,” ele estabelece um princípio de interdependência humana, destacando a importância do relacionamento no desenvolvimento espiritual e emocional do ser humano. Segundo, ela proporciona bem-estar social, uma convivência que cria laços e uma base para que a vida em sociedade floresça. Terceiro, ela oferece bem-estar emocional; o amor, o companheirismo e o apoio familiar proporcionam uma segurança única que não pode ser encontrada em outro lugar. Por último, a família é o meio pelo qual a espécie humana se multiplica, e a Terra é preenchida de vida. Assim, a família é mais do que uma estrutura social; é um presente divino, onde amor e propósito se entrelaçam.

O Éden era mais do que um jardim físico; era um lugar de proteção e provisão, um ambiente de segurança e acolhimento criado por Deus para que a primeira família prosperasse. Nesse espaço, Deus zelava pela segurança de Adão e Eva e lhes conferia autoridade para guardar o jardim, protegendo-se e sendo protegidos em uma troca de responsabilidades e cuidados. Além disso, a provisão era uma benção diária, uma vocação mais que um mero trabalho. Adão lavrava o jardim não só para suprir suas necessidades, mas para cumprir o propósito divino em uma ação de comunhão com a criação. O Éden era também um espaço acolhedor, um ambiente que refletia a beleza e a serenidade de Deus, sendo, portanto, um modelo de como o lar deve ser: belo, aconchegante e cheio de paz.

A unidade da primeira família foi estabelecida em uma igualdade essencial e em um respeito mútuo profundo. Homem e mulher foram criados com dignidade idêntica, para viver em amor e fidelidade. Adão recebeu Eva como uma única companheira, marcando o plano divino de monogamia e heterossexualidade como o padrão. Com o pecado, porém, a harmonia que outrora reinava foi rompida, e as consequências dessa ruptura reverberam até hoje.

A Queda, um evento trágico e transformador, trouxe consequências severas e dolorosas. Satanás, com astúcia, introduziu a dúvida, fragmentando a verdade e usando-a contra Eva. Enganada, ela convenceu Adão, e juntos eles cometeram o primeiro pecado. Esse evento não foi isolado; ele desestabilizou a relação com Deus e com o próprio mundo. O pecado trouxe uma separação dolorosa: o lar foi perdido, o trabalho se tornou árduo, e a terra passou a gerar espinhos. A harmonia foi substituída por tensões, e a unidade foi maculada. A Queda mostrou que o erro de um casal pode ter repercussões em toda a criação, e o impacto de suas ações pode ultrapassar as fronteiras de sua própria experiência.

A constituição familiar, ao longo dos séculos, assumiu diversas formas. A Bíblia relata modelos familiares diferentes em contextos variados, como o modelo patriarcal, onde a poligamia era comum, e o modelo nuclear, composto por pai, mãe e filhos. Na atualidade, enfrentamos uma crise profunda, onde o inimigo ataca as famílias em três frentes principais: a carne, que após a Queda se opõe constantemente ao Espírito; o mundo, um sistema de influências contrárias à fé, que seduz e corrompe as bases familiares; e o próprio Diabo, que procura desestabilizar as famílias, aproveitando-se das fraquezas humanas. A batalha espiritual é real, e só podemos vencê-la com uma fé firme e uma vida em submissão a Deus.

Vivemos tempos desafiadores, onde a santidade e o propósito da família são frequentemente distorcidos. Os valores que Deus estabeleceu estão sendo corroídos, e o ataque contra o lar se intensifica. O Diabo, que outrora entrou no Éden pela sutileza da serpente, hoje encontra meios mais sofisticados de invadir nossos lares. Assim como Adão era responsável por guardar o jardim, somos responsáveis por proteger nossos lares. Devemos vigiar com fervor e não permitir que o inimigo encontre espaço em nossas famílias. Expulsemos o mal com discernimento e ação, cientes de que nossa missão é cuidar de nosso jardim, para que o propósito divino continue a se manifestar nas gerações futuras.



BIBLIOGRAFIA
RENOVATO, Elienaldo. Lições Bíblicas – A Família Cristã no Século XXI: Protegendo seu lar dos ataques do inimigo. 2º Trimestre de 2013. Rio de Janeiro: CPAD, 2013.
RENOVATO, Elinaldo. A Família Cristã e os ataques do inimigo. 1ª ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2013.
SOUZA, Estevam Ângelo. … e fez Deus a família: o padrão divino para um lar feliz. 1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1999.
ADEI, Stephen. Seja o Líder que sua Família Precisa. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2009

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