A Essência Inabalável da Verdade e o Chamado ao Diálogo Divino

Para muitos, a verdade tornou-se uma questão de perspectiva, algo que pode ser moldado, adaptado, um ponto de vista maleável ao sabor das ideologias. Vivemos em um tempo onde a verdade foi relativizada e, com isso, transformada em algo que parece tão efêmero e frágil quanto uma opinião passageira. Dizem que a verdade absoluta não pode existir e que, se existisse, não seria acessível a nós. Segundo essa visão pós-modernista, a verdade é apenas uma questão de conveniência, uma construção cultural e pessoal, variando de grupo para grupo e de indivíduo para indivíduo.

Mas se assumirmos que Jesus é a Verdade, como afirma a Bíblia, então essa suposição moderna desmorona. A declaração “Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (João 14:6) não deixa margem para relativismos. Se Jesus é a Verdade, então a verdade é absoluta, existindo de forma independente das crenças individuais ou coletivas. Ela permanece inalterada, mesmo que alguém, ou todos, possam discordar. Nesse cenário, a verdade não é algo que escolhemos ver ou aceitar, mas algo que nos chama, que nos atrai e nos desafia a alinhar nossas vidas com ela.

A verdade é, em essência, um movimento de revelação que vem de Deus para o ser humano. Não parte da mente ou do desejo humano, mas é o próprio Deus em comunicação com o homem. A verdade é o desdobramento divino em direção ao nosso ser, uma linha direta que se inicia no Céu e atravessa o coração humano, transformando e redimindo o que toca. Ela não é um conceito abstrato ou um produto das conveniências humanas; é a Palavra que se torna carne, é o Deus que escolhe falar com a humanidade.

Esse movimento da verdade traz consigo uma resposta: a oração. Se a verdade é o movimento de Deus em direção ao homem, então a oração é o movimento do homem em direção a Deus. A oração torna-se o nosso retorno, nossa resposta a esse convite de comunhão, uma reação à voz de Deus que ressoa em nossa alma. Esse diálogo entre o movimento profético (Deus-homem) e o movimento sacerdotal (homem-Deus) é uma expressão da nossa relação com o absoluto. É o reconhecimento de que a verdade nos alcançou e de que nossa resposta deve ser um realinhamento, uma abertura à escuta e uma entrega em oração.

O movimento profético é Deus falando com o homem, oferecendo uma visão, uma direção, uma revelação de Sua própria natureza e vontade. Já o movimento sacerdotal é a reação do homem, que, através da oração, eleva suas palavras e seu espírito ao Criador. A oração, nesse sentido, não é um monólogo de petições, mas um diálogo que responde à verdade. Ela é o consentimento, o sim da alma que deseja estar em harmonia com o que Deus revelou. Assim, a oração e a verdade são profundamente conectadas: a verdade orienta e fundamenta a oração, e a oração é a resposta humilde e sincera do homem à verdade que o transcende.

A verdade e a oração, então, não são realidades independentes, mas interdependentes. Uma oração que não se funda na verdade é vazia e pode facilmente cair no vazio de um mero ritual, enquanto uma verdade que não encontra eco na oração se torna uma ideia desprovida de conexão com o espírito humano. A verdade traz à luz quem somos e quem Deus é, e a oração nos alinha com essa realidade, firmando nossa vontade na direção do Eterno.

Assim, o chamado para viver a verdade não é um convite para aceitar um conceito imutável, mas uma chamada à transformação constante. Somos levados a um novo entendimento, a uma postura que nos desafia a refletir, a responder e a sermos moldados pela verdade que nos atinge. Como discípulos da Verdade, somos chamados a viver em resposta contínua a essa voz, permitindo que nossa oração seja a resposta viva e fiel ao amor de Deus, um amor que não se deixa moldar pelas modas, mas que persiste, soberano e absoluto.

Que nossa busca seja, então, ancorada na verdade que Deus revela e que nossa oração seja o eco do nosso encontro com essa realidade maior.

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