A Farsa da Seleção Natural: Quando a Evolução se Perde na Arrogância

Pelas marés das navegações virtuais, ao adentrar no mundo dos relacionamentos online, deparei-me com um canto peculiar chamado “Seleção Natural”. A princípio, a ironia do título já era evidente, mas decidi visitar e entender melhor. Logo, notei algo interessante: um espaço onde insultos eram dirigidos aos “diferentes” — aqueles identificados como “Românticos”, “Emos” e outros tipos. Para todos eles, o julgamento era unânime: “Vaza, babaca.”

Mas, afinal, o que é “babaca”? Em minhas reflexões, encontrei uma definição que sintetiza bem o termo: babaca, sujeito bobo, alguém que diverge da “normalidade” do grupo. E no entanto, quanto mais pensava, mais percebia como essa comunidade invertia o significado da própria “Seleção Natural”.

Vamos desmistificar alguns conceitos antes de prosseguir:

Seleção: Escolher, a partir de critérios, o que deve permanecer ou partir.

Natural: Aquilo que ocorre sem manipulação; um processo espontâneo, onde a própria vida organiza o que deve evoluir ou extinguir-se.

Babaca: Alguém que não se adapta ao padrão imposto, aquele que diverge do status e, por isso, é rebaixado.

Vaza: Despedir, eliminar, mandar embora.

Diziam a todos que “vazassem”. Mas, ao fazer isso, estavam justamente interferindo num processo que, por definição, não deveria ser controlado ou manipulado. Na natureza, a seleção é um processo de adaptação, onde o mais apto evolui sem que ninguém dite essa transição.

Aqui está o paradoxo: ao expulsar aqueles que não se encaixam em seu ideal, esse grupo manifesta sua própria insegurança. Eles não representam uma “evolução” natural, mas uma tentativa de autoproteção. A verdadeira seleção natural não manda embora, não exclui, apenas observa o desdobramento natural da vida.

Na tentativa de afirmar seu valor, essa “seleção” artificial se torna vazia e contraditória. Pois, ao dizer “vaza”, quem parte realmente é o espírito da evolução, é a liberdade de expressão e a abertura para o novo. A evolução não consiste em eliminar o que não agrada, mas em permitir que as diferenças existam e se transformem.

Neste teatro digital, os papéis estão invertidos. E assim, quem permanece estagnado em um espaço fechado e homogêneo não está evoluindo, mas regredindo. Talvez o maior “babaca” não seja o excluído, mas quem, ao expulsá-lo, revela seu próprio medo da mudança.

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