As estações mudam, e com elas, nossos olhos podem aprender a ver o mundo de novas maneiras. Queria explorar todos os ângulos que a vida colocou diante de mim, enxergar o verde nas ondas do mar, o azul tingindo a terra, a cor do chão refletida no luar do meu céu. Cada gesto de dar para receber se transforma num processo de mudança: são os projetos que se transfiguram, as ambições que se dissolvem, as prioridades que se redescobrem. A cada estação, renascemos. E queria que você soubesse que também desejo isso para você: a transformação. Queria que, a cada dia, você se descobrisse novo, que abraçasse a impermanência como quem desvela o mistério de existir. Mas, ao contrário, você se torna pedra, imóvel e resistente, celebra a inércia como se ela fosse virtude, sem perceber o quanto ela o afasta da vida.
No fundo, eu queria ver em seu olhar o brilho do inesperado, a coragem de se surpreender consigo mesmo, de se reinventar. Mas você não se permite esse jogo, não conhece a arte da surpresa; seu olhar permanece o mesmo, preso, sem novidade.
E quem se importa? Eu me importo. Mas e daí? E daí, se você ainda não aprendeu a se importar consigo mesmo? Talvez seja por isso que o mundo permanece tão insípido ao seu redor, uma repetição sem cor, sem ritmo, sem brilho. A imitação parece fácil, mas ela é um artifício. Ser criativo é muito mais do que repetir o que já existe; é revelar a luz que dorme dentro desse peito jovem e inquieto. Eu queria ser alguém melhor do que sou, mas e você, o que quer para si? Será que você entende o valor do querer? E, se entende, será que o querer vale mais que o ter? Talvez. Quem sabe? Quem sabe um dia você descubra que pode mudar, que pode começar de novo e reescrever a sua própria história.
Quem sabe, um dia, você perceba que viver não é apenas existir, mas é fazer da própria vida uma obra, com acertos e falhas, mas sempre sua. Que viver é se mover para além do que foi ensinado, do que parece confortável. Que viver é, antes de tudo, criar-se a cada dia. Quem sabe, um dia, você se olhe com uma verdade ainda desconhecida, uma verdade que reordene tudo, que ilumine o que até agora ficou oculto. Talvez, então, você perceba que a vida que vale a pena não está em seguir um caminho pré-determinado, mas em desaprender o que o mundo o forçou a aprender, em desfazer-se das expectativas que lhe foram impostas.
Vivemos em uma sociedade que valoriza a superficialidade, que ensina o conforto das certezas prontas e, no entanto, nos priva da liberdade que vem com o questionamento. Você, assim como tantos outros, aprendeu o que talvez seja um dos maiores enganos: o conformismo disfarçado de segurança. Mas agora, pergunto: quando foi que sua vontade se tornou a vontade do outro? Quando foi que seu desejo foi trocado pelo medo? Quando é que você vai se libertar dessa prisão que você mesmo aceitou?
Você tem a liberdade de conquistar o que jamais imaginou querer, mas tem também o risco de errar e, com isso, descobrir o valor de sua própria tristeza, que ensina, que fortalece. E se digo isso, saiba que é um conselho que, se fosse verdade, eu jamais desejaria para você. Quero mais do que conselhos fáceis; quero o despertar, o encontro com a sua própria essência.
Desejo-lhe dias melhores. Desejo-lhe uma reflexão sincera, profunda, transformadora. Que sua jornada seja uma dança entre as sombras e a luz, uma busca que não tema as incertezas, mas que saiba acolhê-las. Que, assim como as estações, você mude, se permita ser renovado, e que o renascimento seja sempre uma escolha.