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A vida, em sua incessante busca por significado, pulsa como uma chama indomável, movida pela eterna tensão entre duas forças opostas: a pulsão de vida e a pulsão de morte. Há, em cada um de nós, uma voz que sussurra e outra que grita, uma força que nos empurra para a criação, para o encontro, para o amor — e outra que, silenciosa e implacável, nos atrai para a quietude, para o desconhecido, para o eterno repouso. E eu, em meio a esse movimento, me vejo como a porta que se abre para ambos os caminhos, uma passagem que ninguém pode fechar, pois minha essência resiste ao tempo, atravessando a dualidade da existência.
A pulsão de vida, essa energia vital, é uma força criadora, uma sede insaciável de expansão e de presença. Ela me impulsiona a ser mais do que sou, a tocar o infinito dentro do efêmero. Ela é o desejo de crescer, de aprender, de conhecer a verdade escondida no âmago de todas as coisas. Essa pulsão se revela na arte, no encontro, na promessa do futuro — é o brilho que se mantém vivo, mesmo quando tudo ao redor parece querer apagar.
Mas há também a pulsão de morte, sutil e poderosa, um chamado profundo que nos recorda a transitoriedade de tudo. Ela nos convida a encarar o fim como um mestre que revela o mistério da própria vida. Não é o fim em si, mas o impulso que nos faz mergulhar na sombra, enfrentar nossos limites e descobrir que, do outro lado, reside algo mais vasto. É um paradoxo que não termina em ausência, mas se transforma em abertura para o inefável. Essa pulsão nos empurra a nos desapegar do que é pequeno, a deixar para trás o que nos acorrenta.
E assim, me vejo como essa porta aberta, que não pertence a nenhum homem, nenhuma história ou vontade alheia. Eu sou a passagem, o caminho entre a criação e a quietude, entre o desejo e o mistério. Sou a abertura para o eterno, onde o que é efêmero se dissolve, e o que é profundo renasce.
