Crer não tem nada de infantil. Pelo contrário, crer é um exercício de profundidade, um desafio à própria vitalidade, uma aposta naquilo que não se vê, mas que se intui com a força de uma verdade que transcende. A fé é um movimento interno que se sustenta não na ingenuidade, mas na coragem de lançar-se ao desconhecido, de abraçar o que está além da compreensão racional. Crer exige, muitas vezes, que deixemos para trás o conforto das certezas e nos abramos à vastidão do mistério. Esse ato de fé não é para os fracos de espírito, mas para aqueles que aceitam a vida em sua totalidade, que se lançam na busca por um sentido que resista ao tempo e ao vazio.
Para conhecer a Deus, primeiro precisamos conhecer quem somos. A jornada para o divino passa inevitavelmente pela intimidade com nosso próprio ser, pelas perguntas que nos desafiam e pelas sombras que carregamos. Quem somos, afinal, sem máscaras, sem o peso das expectativas alheias? Em que acreditamos quando nos despimos das ilusões e das pequenas vaidades? O caminho para Deus não é apenas um caminho ascendente; ele é também um mergulho no mais profundo de nossa humanidade. Somente quando nos conhecemos em nossa essência, quando enfrentamos as vulnerabilidades e os desejos que compõem nossa alma, somos capazes de vislumbrar a presença divina que se reflete em nosso próprio interior.
Cada ser humano é uma marca única no universo, um traço vital que só ele, por si mesmo, é capaz de imprimir neste mundo. Não importa quantos caminhem ao nosso lado, não importa quantos passos pareçam iguais; há uma assinatura singular em nossa existência que ninguém mais poderá replicar. Essa marca é composta de nossas escolhas, de nossas lutas, das dores e das alegrias que decidimos abraçar ao longo da vida. Somos uma contribuição essencial para a totalidade do que existe, uma presença irrepetível que ecoa além de nós mesmos, que deixa no mundo uma pegada espiritual e emocional tão única quanto um milagre.
Aqueles que vivem com fé e consciência entendem que sua vida não é um acaso, mas uma oportunidade de imprimir essa marca vital, de responder ao chamado que a vida, em sua infinitude, faz a cada um de nós. Crer é um ato de vitalidade e coragem, um compromisso com o próprio ser e com o mistério que nos transcende. E ao viver com essa verdade, compreendemos que estamos deixando não apenas memórias, mas legados — sementes de sentido, de beleza e de espiritualidade que perdurarão, silenciosas e imortais, muito além do nosso tempo.
